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Iraque invadido - Discurso de senador democrata no Congresso dos EUA desnuda política hegemônica de Bush na adoção da doutrina do ataque preventivo

22/03/2003
 
Luiz Salvador



Os noticiários anunciam que o ataque ao Iraque pelos EUA começou. Poços de petróleos já foram incendiados pelos próprios iraqueanos.

Os cientistas alertam sobre o flagelo da poluição ambiental – o aquecimento global – causando o derretimento do gelo das calotas polares, inundando boa parte das regiões ao nível do mar. Inúmeras cidades históricas conhecidas, dentre elas algumas da Itália, estão sob o risco de desaparecerem, como Veneza, por exemplo, como vimos noticiado na imprensa há poucos dias.

De nada adiantaram os apelos mundiais pela paz!!! Apesar disso, as manifestações populares contra a guerra no Iraque estão gerando uma onda gigantesta de protestos pacifistas espalhando-se por todo o mundo, sendo de se ressaltar que na Alemanha, 50 mil estudantes realizaram uma passeata pela Alexanderplatz, em Berlim (capital), ao lado da embaixada norte-americana e através do Portão de Brandenburgo, gritando, apitando, carregando placas onde se liam:

"Detenham as armas de Bush", "George W. Hitler" e "Nada de petróleo por sangue". "A guerra é ilegal. Esse deveria ser um assunto decidido pela Organização das Nações Unidas (ONU)", disse David Stassek, 18. Pia Telschow, 14, declarou: "Bush está apenas levando adiante a guerra do pai dele" (uol, última notícias, 20.03.03).



O Senador Democrata Robert Byrd proferiu esclarecedor discurso no Congresso Norte-Americano em 12 de fevereiro/2003, demonstrando que a política adotada pelo governo Bush pretende impor ao mundo.


Apesar disso, esta Câmara está, em sua maioria, em silêncio, ameaçadoramente e pavorosamente em silêncio. Não há debates, discussões ou sequer uma tentativa de expor para a nação os prós e os contras da guerra.

Não há nada.Ficamos passivamente mudos no Senado dos Estados Unidos, paralisados pela nossa incerteza, aparentemente chocados pela guinada desordenada dos fatos. Somente nas páginas editoriais dos jornais ocorre uma discussão mais substanciosa sobre a prudência ou a imprudência de se engajar nessa guerra. E não é pequeno o acontecimento que contemplamos. Esta não é uma simples tentativa de retirar-lhe as garras ao vilão. Não. A batalha que se avizinha, se for materializada, representa uma guinada na política externa dos Estados Unidos e possivelmente de uma revolução na história da humanidade.

Esta nação está prestes a embarcar no primeiro teste de uma doutrina revolucionária, aplicada de forma extraordinária em um momento inoportuno. A doutrina de ataque preventivo- a idéia de que os Estados Unidos ou qualquer outra nação possa atacar legitimamente uma nação que não é iminentemente ameaçadora agora, mas que pode sê-lo no futuro - é uma distorção radical da idéia tradicional de auto-defesa.

Essa doutrina está em desacordo com o direito internacional e as diretrizes das Nações Unidas. E ela está sendo testada em tempos de terrorismo global, fazendo que vários países ao redor do mundo se perguntem se estarão mais cedo ou mais tarde na lista comprometedora de nossa nação ~ ou de qualquer outra. Membros do governo se recusam a deixar as armas atômicas fora da mesa de negociações quando se discute um possível ataque contra o Iraque.

Aqui nos Estados Unidos, as pessoas estão prevenidas contra iminentes ataques terroristas com pouca orientação de quando ou onde podem acontecer. Membros das famílias estão sendo convocados para o serviço militar ativo sem ter idéia de quanto tempo ficarão e que horrores enfrentarão.

Comunidades estão sendo deixadas com menos que o efetivo policial e de bombeiros necessários para sua proteção. Outros serviços essenciais estão também com pouco pessoal. O ânimo da nação está deprimido. A economia está cambaleando. O preço do combustível está aumentando e deve chegar a um pico brevemente.

Esta administração, no poder já há pouco mais do que dois anos, deve ser julgada pelo seu desempenho. Eu acredito que o desempenho é sombrio. Nesses escassos dois anos, a administração desperdiçou um grande orçamento extra de US$ 5,6 trilhões que deveriam ser usados nos próximos dez anos e nos lançou em um déficit a perder de vista.

A política interna desta administração colocou muitos estados em condições financeiras calamitosas ao financiar programas essenciais para nosso povo. Esta administração fomentou políticas que frearam o crescimento econômico. Esta administração ignorou assuntos urgentes, como a situação de crise no sistema de saúde destinado aos idosos. Esta administração tem sido lenta para providenciar fundos adequados para a segurança interna do país. Esta administração tem sido relutante em proteger melhor nossa longa e porosa fronteira.

Na política externa, esta administração falhou em encontrar Osama bin Laden. Na realidade, ontem mesmo nós o ouvimos de novo liderando suas forças, incitando-as a matar. Esta administração dividiu alianças tradicionais, provavelmente arruinando para sempre as entidades mantenedoras da ordem internacional como as Nações Unidas e a Otan.


Discurso proferido pelo Senador Democrata Robert Byrd no Congresso Norte-Americano.

Nós permanecemos passivamente mudos. Contemplar a guerra é pensar na mais horrível experiência humana. Neste dia de fevereiro, em que esta nação está à beira de uma batalha, cada norte-americano deve estar contemplando de alguma forma os horrores da guerra.

Apesar disso, esta Câmara está, em sua maioria, em silêncio, ameaçadoramente e pavorosamente em silêncio. Não há debates, discussões ou sequer uma tentativa de expor para a nação os prós e os contras da guerra.

Não há nada.Ficamos passivamente mudos no Senado dos Estados Unidos, paralisados pela nossa incerteza, aparentemente chocados pela guinada desordenada dos fatos. Somente nas páginas editoriais dos jornais ocorre uma discussão mais substanciosa sobre a prudência ou a imprudência de se engajar nessa guerra. E não é pequeno o acontecimento que contemplamos. Esta não é uma simples tentativa de retirar-lhe as garras ao vilão. Não. A batalha que se avizinha, se for materializada, representa uma guinada na política externa dos Estados Unidos e possivelmente de uma revolução na história da humanidade.

Esta nação está prestes a embarcar no primeiro teste de uma doutrina revolucionária, aplicada de forma extraordinária em um momento inoportuno. A doutrina de ataque preventivo- a idéia de que os Estados Unidos ou qualquer outra nação possa atacar legitimamente uma nação que não é iminentemente ameaçadora agora, mas que pode sê-lo no futuro - é uma distorção radical da idéia tradicional de auto-defesa.

Essa doutrina está em desacordo com o direito internacional e as diretrizes das Nações Unidas. E ela está sendo testada em tempos de terrorismo global, fazendo que vários países ao redor do mundo se perguntem se estarão mais cedo ou mais tarde na lista comprometedora de nossa nação ~ ou de qualquer outra. Membros do governo se recusam a deixar as armas atômicas fora da mesa de negociações quando se discute um possível ataque contra o Iraque.

O que poderia ser mais desestabilizador e insano que esse tipo de incerteza, especialmente em um mundo onde a globalização tem amarrado e mantido juntos a economia vital e os interesses de segurança de muitas nações?

Existem grandes rupturas emergindo em nossas alianças consolidadas há vários anos, e as intenções dos Estados Unidos se transformaram repentinamente assunto de nocivas especulações globais.

Um antiamericanismo baseado na falta de confiança, falta de informação, suspeitas e alarmismo retórico dos líderes norte-americanos está fraturando a sólida aliança antiterrorismo que se formou depois do 11 de setembro.

Aqui nos Estados Unidos, as pessoas estão prevenidas contra iminentes ataques terroristas com pouca orientação de quando ou onde podem acontecer. Membros das famílias estão sendo convocados para o serviço militar ativo sem ter idéia de quanto tempo ficarão e que horrores enfrentarão.

Comunidades estão sendo deixadas com menos que o efetivo policial e de bombeiros necessários para sua proteção. Outros serviços essenciais estão também com pouco pessoal. O ânimo da nação está deprimido. A economia está cambaleando. O preço do combustível está aumentando e deve chegar a um pico brevemente.

Esta administração, no poder já há pouco mais do que dois anos, deve ser julgada pelo seu desempenho. Eu acredito que o desempenho é sombrio. Nesses escassos dois anos, a administração desperdiçou um grande orçamento extra de US$ 5,6 trilhões que deveriam ser usados nos próximos dez anos e nos lançou em um déficit a perder de vista.

A política interna desta administração colocou muitos estados em condições financeiras calamitosas ao financiar programas essenciais para nosso povo. Esta administração fomentou políticas que frearam o crescimento econômico. Esta administração ignorou assuntos urgentes, como a situação de crise no sistema de saúde destinado aos idosos. Esta administração tem sido lenta para providenciar fundos adequados para a segurança interna do país. Esta administração tem sido relutante em proteger melhor nossa longa e porosa fronteira.

Na política externa, esta administração falhou em encontrar Osama bin Laden. Na realidade, ontem mesmo nós o ouvimos de novo liderando suas forças, incitando-as a matar. Esta administração dividiu alianças tradicionais, provavelmente arruinando para sempre as entidades mantenedoras da ordem internacional como as Nações Unidas e a Otan.

Esta administração questionou a tradicional percepção mundial dos Estados Unidos como bem-intencionados em manter a paz. Esta administração tornou a paciente arte da diplomacia em ameaça, rotulando e chamando pelo nome tudo o que reflete pobreza de inteligência e sensibilidade de nossos líderes, e que terá conseqüências pelos anos que virão.

Chamando chefes de Estado de pigmeus, rotulando países de maus, denegrindo poderosos aliados europeus, considerando-os irrelevantes ~ esse tipo de insensibilidade crua não pode fazer nenhum bem para nossa nação. Podemos ter um maciço poderio militar, mas não podemos lutar sozinhos a guerra mundial contra o terrorismo. Precisamos da cooperação e da amizade de nossos tradicionais aliados, bem como de novas amizades que pudermos atrair com nossa riqueza.

Nossa impressionante máquina militar será de pouca utilidade se sofrermos outro ataque devastador no nosso país, com severos danos à nossa economia. Nossas tropas já estão no limite e precisaremos do reforço dessas nações, que podem fornecer soldados,e não apenas assinar cartas em apoio, nos encorajando.

A guerra contra o Afeganistão nos custou US$ 37 bilhões até agora, e ainda há evidências de que o terrorismo pode já estar começando a recuperar seu controle naquela região. Nós não encontramos Bin Laden e, a menos que nós asseguremos a paz no Afeganistão, o covil do terrorismo pode voltar a florescer na terra remota e devastada. Da mesma forma, o Paquistão corre o risco de desestabilizar forças.

Esta administração não terminou a primeira guerra contra o terrorismo e já está ansiosa para embarcar em um outro conflito com perigos muito maiores do que os enfrentados no Afeganistão. Nossa atenção é tão breve assim? Ainda não aprendemos que, depois de ganhar uma guerra, devemos assegurar a paz?

E ainda ouvimos muito pouco sobre as conseqüências da guerra no Iraque. Na falta de planos, especulações sobre o assunto abundam no exterior. Iremos confiscar os poços de petróleo do Iraque, nos tornando uma força de ocupação que controla os preços e o fornecimento de petróleo dessa nação em futuro próximo?

A guerra vai inflamar o mundo muçulmano resultando em ataque devastador sobre Israel? Israel vai retaliar com o próprio arsenal atômico? Os governos da Jordânia e da Arábia Saudita serão derrubados por radicais encorajados pelo Irã, que mantêm laços muito mais próximos com o terrorismo que o Iraque?

Poderia a interrupção do fornecimento de petróleo ao mundo levar a uma recessão mundial? Terá a nossa insana linguagem bélica e o nosso calejado descaso com os interesses e opiniões das outras nações aumentado a corrida global para se associar ao clube nuclear e feito da proliferação uma prática ainda mais lucrativa para nações que precisam de renda?

Somente no curto espaço de dois anos, esta imprudente e arrogante administração iniciou políticas que devem colher conseqüências desastrosas durante anos. Pode-se compreender a fúria e o choque de um presidente após o selvagem ataque de 11 de setembro. Pode-se apreciar a frustração de ter apenas uma para caçar e um indeterminado e fugitivo inimigo, a quem é praticamente impossível dar a exata retribuição.

Mas transformar a frustração e a fúria de uma pessoa em uma política externa fracassada extremamente desestabilizadora e perigosa que o mundo está constantemente testemunhando é imperdoável para uma administração encarregada da força impressionante e responsabilidade de liderar o destino da maior superpotência do planeta. Francamente, muitos dos pronunciamentos feitos por esta administração são ultrajantes. Não há outra palavra para qualificá-los.

Ainda assim, esta Câmara está persistentemente em silêncio. No que é possivelmente a véspera de uma horrível imposição da morte e da destruição da população do Iraque ~uma população, devo acrescentar, da qual mais de 50% têm menos que 15 anos esta Câmara está em silêncio. Nos dias que são possivelmente os anteriores aos que vamos mandar milhares de nossos cidadãos paraenfrentar horrores inimagináveis de armas químicas e biológicas ~ esta Câmara está em silêncio. Na véspera do que pode ser um terrível ataque terrorista em retaliação ao osso ataque ao Iraque, isso é negócio como sempre no Senado dos Estados Unidos.

Nós estamos verdadeiramente “andando como sonâmbulos pela história,,. No fundo do meu coração, eu rezo para que esta grande nação e seus bons e confiantes cidadãos não estejam querendo um despertar brusco.

Empenhar-se em uma guerra é como usar um curinga. E a guerra sempre deve ser o último recurso, não o primeiro. Eu sinceramente devo questionar o julgamento de qualquer presidente que diz que um ataque militar maciço não provocado em uma nação em que mais de 50% são crianças está “na mais alta tradição moral do nosso país,,. Essa guerra não é necessária por agora. A pressão parece que rendeu um bom resultado no Iraque. Nosso erro foi assumirmos uma posição tão depressa.

Nosso desafio agora é encontrar um caminho gracioso da nossa própria bobagem. Talvez ainda exista um caminho se nós dermos mais tempo.

Discurso proferido pelo Senador Democrata Robert Byrd no Congresso Norte-Americano em 12 de fevereiro/2003.

Fonte: Escritório Online


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