Depois de um curso que durou dois meses, 58 pais que eram considerados violentos ou negligentes pela Justiça, recuperaram ontem o direito de cuidar das crianças, que estavam sob proteção da 1ª Vara da Infância e da Juventude. As crianças foram recolhidas nas ruas, não freqüentavam escolas ou fugiram de casa devido aos maus tratos. Os pais, todos de beca, receberam diplomas e prestaram juramento de que irão proteger os filhos "das maldades e dos vícios" e vão cria-los "com amor e respeito".
A solenidade, presidida pelo juiz Siro Darlan, foi realizada no auditório da Associação dos Magistrados, no Tribunal de Justiça, e contou com a presença de juizes e desembargadores, entre eles Miguel Pachá, futuro presidente do TJ. Após o juramento, o momento de maior emoção: a porta foi aberta e as crianças entraram no auditório, cada uma com uma flor na mão. Ao som de Meu Guri, de Chico Buarque, elas abraçaram os pais e muitos choraram abraçados aos filhos. Os funcionários do TJ que participaram da solenidade estavam com uma camiseta com a frase "Palmada é covardia".
O juiz Siro Darlan explicou que todos os pais que recuperaram a guarda dos filhos estão cientes de que se não cumprirem o que foi acordado, serão submetidos a processo penal. Cada criança ganhou também um padrinho, que vai ajudar financeiramente na sua educação.
Presente à cerimônia, Clarissa Matheus, filha da governadora eleita, Rosinha Matheus, leu uma carta que recebeu da mãe há alguns anos. Na carta, Rosinha dizia à filha: "eu posso informá-la dos males do álcool e das drogas, mas não posso dizer não por você; eu posso ensina-la a orar, mas não posso ter fé por você".
Após a solenidade, o juiz Siro Darlan levou todos para almoçar num restaurante na Barra da Tijuca.
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